Eu tinha partilhado aqui que queria começar a doar mais. Mas, 82 dias depois de partilhar as minhas intenções, ainda só doei os 10€ de que falei no artigo e 50 cêntimos que dei a uma mendiga. Está na altura de passar à ação. Quero aproveitar o evento deslumbrante que é a chegada do meu salário e implementar uma estratégia efetiva de doações.
Primeiro fiz uma lista exaustiva de coisas que se podem doar. Deixem um comentário se se lembrarem de mais alguma categoria, mas todos os tipos de doações de que encontrei enquadravam-se num destes 3 grupos: tempo, partes do corpo e dinheiro.
Tempo
Tempo é uma daquelas coisas que só se pode doar enquanto se vive. É o único recurso que todos temos por garantido, e como tal é um dos dons mais preciosos. Pode-se doar tempo de forma organizada, participando em associações ou eventos específicos.
Deixo-vos uma lista exemplos, que tem por inspiração pessoas que conheço:
- Ser chefe de escuteiros
- Ajudar na paroquia
- Fazer voluntariado numa associação
- Partilhar uma "habilidade" com uma associação (o meu irmão faz reiki no lar de idosos da terra)
- Arranjar bonecas
- Participar em ações esporádicas (plantação de pinheiros nas matas nacionais, campanhas do banco alimentar)
- Dar aulas a idosos/ apoio escolar a jovens
- Partir em missão (eu estive 2 meses em Moçambique)
- Dar aulas de português no SPEAK
Se precisarem de mais ideias podem procurar na Bolsa do Voluntariado associações em diversas áreas que procuram voluntários.
Partes do Corpo
É a doação que literalmente salva vidas. Dá para doar sangue, plasma, medula óssea, órgãos, cabelo, esperma, óvulos, e outras partes. É possível doar em vida, mas também na morte. Em Portugal qualquer pessoa, desde que não seja contra, é um potencial dador cadáver.
Eu tenho sorte e na minha empresa fazem coletas de sangue a cada 8 semanas. Nem sequer me preciso de lembrar de doar sangue, a empresa envia um email a avisar e no dia só tenho de sofrer uma picadinha e doar um saco, 450 ml para ser exata, do meu fluido vital. Também estou inscrita como dadora de medula óssea em Portugal.
Dinheiro
Doar dinheiro é o mais fácil e ao mesmo tempo o mais difícil de doar. Fácil porque o ato em si não tem nenhuma dificuldade. É só deixar cair uma nota (ou uma moeda), passar um cartão ou fazer uma transferência. Difícil por causa do apego, difícil quando ainda não se desenvolveu o hábito de doar e, para dificultar ainda mais, há incontáveis desculpas para não doar dinheiro.
O dinheirinho é tão difícil de ganhar. O dinheirinho é tão difícil de poupar. Posso ir mais vezes ao restaurante, comprar mais roupa ou ir de férias, porque é hei-de dar o meu dinheirinho? E a quem? Mas há alguém/ alguma instituição que mereça o meu dinheirinho? Mas como é que sei que não o vão desperdiçar em jantaradas ou coisas parecidas?
Mas, como dizia o Tony Robbins, quem não dá “10 cêntimos num dólar, não vais dar 1 milhão em 10 milhões , ou 10 milhões em 100 milhões”. Ou, citando um profeta que passou o teste do tempo, “Todas as outras pessoas fizeram as suas ofertas dando do dinheiro que tinham sobrando; ela, porém, na sua pobreza, deu tudo o que tinha para viver.” Mesmo na religião muçulmana um dos pilares é o Zakat, a caridade.
Há tantos problemas no mundo, tantas coisas que podem ser melhoradas, tantas pessoas que precisam de apoio. Há tanta gente em dificuldades, sem acesso a saúde, a educação, famílias que passam fome, crianças que não podem ir à escola, idosos em isolamento. Há tantos crimes contra o meio ambiente e contra os animais. É impossível estar envolvido pessoalmente todas as causas e muitas vezes, na nossa vida, não temos tempo e espaço para contribuir para um mundo menos desigual. Daí que doar dinheiro seja importante. É uma ação que chega a sítios em que nós próprios não poderíamos chegar pessoalmente, que se junta ao dinheiro dos outros e que, no fim, tem um impacto muito maior do que teríamos sozinhos.
Se tiverem nenhuma associação ou causa especifica a quem queiram doar podem tirar ideias dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio. Depois é só pensar onde querem ter impacto, na vossa comunidade mais próxima, no vosso país ou algures no mundo?
Eu com este artigo tinha a intenção de uma lista de associações e projetos interessantes, mas desisti. Decidi que em Outubro vou doar a uma associação que apoia sem abrigo na minha terriola adotiva. Em Novembro a uma associação que dá vacas a comunidades em dificuldades e que é promovida pelo Patrick Rothfuss, um dos meus autores preferidos. Em Dezembro vou doar ao Banco Alimentar. Em 2019 vou reavaliar esta estratégia e fazer os ajustes necessários.
Por favor, deixem as vossas associações preferidas nos comentários como inspiração.