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Ser Senhora

Esta é a história de como me tornei Senhora. Uma Senhora a sério.

Ser Senhora

Esta é a história de como me tornei Senhora. Uma Senhora a sério.

Destralhei, Destralhaste, Destralhámos

Abril 09, 2020

Sou uma falsa minimalista. Sim, quero apenas o essencial na minha vida, há varias estações que partilho o meu processo de construir armários-cápsulas e, desde 2012 que escrevo sobre destralhamentos. O minimalismo tem mesmo um separador no topo do blog. A verdade é que nos os últimos anos, quando deixo de querer um objeto mas ainda não estou pronta para me desfazer dele, trago-o para casa dos meus pais. Ou seja, a tralha que tenho trazido para casa dos meus pais, mais a tralha que restou da minha última Grande Arrumação de 2013 foi-se acumulando de uma forma muito pouco minimalista. Apesar de estar tudo escondido e de o meu quarto parecer não parecer atafulhado, tinha uma grande quantidade de tralha. Mesmo muita. 

Assim que voltei para Portugal, sabendo que tinha de passar duas semanas em isolamento fechada no quarto, decidi dedicar-me ao passatempo mundial mais popular do momento, o destralhamento. Comecei pelos livros.

 

LIVROS

Quando comecei a ler sobre minimalismo sempre pensei que a única coisa de que nunca me iria desfazer eram os meus livros. Sempre gostei muito de ler e, quando era miúda, tinha o sonho de ter uma biblioteca privada. Cada livro físico que comprava ou me era oferecido era uma forma de me aproximar desse sonho.

Fui acumulando livros desde a altura em que comecei a ler sem esforço (deve ter sido no segundo ano) até ao fim do mestrado, quando comprei um Kindle. O resultado foi que além de ter uma estante cheia de livros, tinha 2 prateleiras extra no meio do quarto com livros, três prateleiras dentro do armário com livros e caixas de livros escondidas dentro do armário. Livros de criança, livros que não me traziam memórias memoráveis, livros que não achei particularmente bons, livros que nunca irei reler. Livros em excesso. Demorei alguns anos, mas finalmente cheguei ao ponto em que me sentia psicologicamente preparada para dizer adeus a muitos livros.

Comecei por seguir o conselho da Marie Kondo e pus no meio do quarto todos os livros, mesmo os que estavam escondidos nos cantos mais improváveis. Ver todos os livros num monte, no mesmo sitio ajudou-me a consciencializar-me da quantidade imensa de livros que tinha.

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Depois separei os livros em 3 montes diferentes. O monte do dos livros que queria guardar, o monte dos livros para serem doados e o monte do talvez. Esta primeira triagem foi fácil. Separei mais de cem livros para doar, parte deles foram distribuídos pela minha família, os restantes estão à espera do fim da pandemia para encontrarem uma nova casa. Depois limpei a estante, arrumei os livros que queria manter na minha vida e pus os livros para doar do lado de fora do quarto. Finalmente revi o monte do talvez e, nesta segunda volta, foi mais fácil identificar os livros que queria guardar e os livros para doar.

Depois do processo de destralhamento deixei de ter livros dentro do armário e nas prateleiras do quarto; todos os livros que guardei cabem na estante e ainda tenho espaço para mais alguns. Apesar de tudo, não estou totalmente satisfeita com a forma como tenho a estante organizada, mas por enquanto está assim:

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PAPÉIS

Depois dos livros, dediquei-me a outros tipos de artefactos em celulose que muito contribuem para a abundância de ácaros no meu quarto. Foi a vez de destralhar a papelada. Por papelada quero dizer os meus desenhos do infantário, os meus cadernos da primária, os meus apontamentos do ciclo e do secundário, os cadernos da licenciatura, os livros do Erasmus, os meus diários incompletos, coisas que escrevi em folhas soltas, desenhos, projetos, ideias de negócios. Basicamente, tudo aquilo com um suporte em papel que estava a guardar por causa de "memórias".

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Não há muito para escrever sobre o processo de destralhamento. Olhei para cada papel individualmente, pus para a reciclagem o que tinha de ser reciclado, pus no lixo o que era lixo e arrumei de forma organizada o que queria guardar. Enquanto selecionava o que queria e o que não queria, mantive em mente o titulo de um livro que eu nunca li "Swedish Death Cleaning" e pensei, se eu morrer não quero que os meus pais tenham de lidar com isto. Dá para ver que precisei de muita motivação para chegar ao fim dos montes de papéis.

Estou bastante satisfeita com o resultado. Guardei principalmente coisas importantes, removi do quarto quase 7 sacos para a reciclagem do papel e o espaço ocupado por esta categoria de tralha diminuiu bastante, estando agora fisicamente limitado à parte de baixo da estante.

 

ROUPA

O último passo foi a roupa. Foi relativamente rápido em comparação com as categorias anteriores, porque já tinha dado uma volta na altura do Natal. Pus a roupa toda em cima da cama, separei o que queria, pus num saco o que queria doar e experimentei as roupas onde tinha duvidas. Houve peças de roupa que me puseram a espirrar só de lhes mexer, uma clara indicação da última vez que as usei.

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Depois, limpei cuidadosamente o interior do armário, deixei arejar bem e arrumei a roupa que decidi guardar. As peças que estão penduradas em cabides, ficaram com os cabides ao contrário; daqui a um ano vejo os cabides que revirei e posso fazer um segundo destralhamento de forma fácil e rápida. Por fim, arrumei dois pares de calças e um vestido numa caixa dentro da estante, onde guardo a roupa com "valor sentimental".

 

O quarto não está colossalmente diferente do que estava antes, mas sinto-me mais leve por saber que tenho menos tralha. Acho até que não ter papéis nem livros no espaço onde durmo e trabalho tem melhorado um pouco as minhas alergias.

Aventuras de uma Senhora - o vírus

Abril 01, 2020

A Fuga

Depois da insistência de vários membros da minha família, de ver os supermercados vazios durante dias seguidos e, com a ameaça eminente do fecho das fronteiras, decidi fugir de Londres e voltar à minha pátria amada. Segunda feira dia 16, pedi autorização à minha chefe para trabalhar "remotamente" e, no dia seguinte à noitinha, estava casa.

Deixar Londres custou-me. Deixei para trás amizades que estava a começar a construir, um estilo de vida gratificante e o melhor apartamento onde já alguma vez vivi. De um ponto de vista físico também não foi fácil. Um par de horas antes de ir para o aeroporto, enquanto estava a por flores no terraço, tropecei, caí e torci um pé. Perguntei aos céus o porquê de algo assim me acontecer num momento tão critico. Depois, como estava sozinha e não tinha outra opção, levantei-me, tomei banho, pus uma meia elástica e fiz 30 minutos de gelo. Tive ajuda de um amigo para descer o meu malão três lances de escadas, coxeei até ao táxi, andei de cadeira de rodas nos aeroportos e, finalmente, cheguei a casa e à minha família.

 

A Rotina

A minha rotina matinal, nestes dias de isolamento social da minha própria família, em que a distância entre a cama e o escritório é menos de dois metros, é mais ou menos assim:

08.25 - toca o despertador

08.50 - arrasto-me para fora da cama e abro a janela

08.52 - vou à casa de banho, lavo os dentes e faço uma rotina de pele mínima

08.57 - visto umas calças a sério (a minha produtividade é inexistente se visto leggings)

09.00 - ligo o computador para aparecer online

09.01 - vou à cozinha e faço uma chávena de café ou cacau (sem açúcar)

09.08 - faço a cama

09.10 - começo realmente a trabalhar enquanto vou bebendo o meu café

 

O Dilema

Quero redecorar o meu quarto. Vim para esta casa mais ou menos há 20 anos atrás...e pouco mudou. Ainda tenho as paredes rosas que escolhi enquanto criança. Ainda tenho um puf rosa-choque, recompensa pelas minhas boas notas no ciclo. Depois tenho uma coberta azul que comprei quando fui para a universidade, e várias pinturas de anjos e outras cenas religiosas que fui recebendo ao longo dos anos. Ou seja, o meu quarto é um conjunto que não combina lá muito bem entre si, e que não tem o tipo de energia que o-meu-eu-de-hoje quer num quarto. Não sei quanto tempo vou ficar em Portugal, mas mesmo assim, gostava de viver num sitio agradável. O meu plano é pintar as paredes, mudar as luzes do teto e comprar algumas coisas para tornar o espaço sereno, funcional e acolhedor. 

Tendo em conta o contexto atual, não acho que seja boa altura para fazer compras nas poucas lojas que estão abertas. Comprar online também não é ideal, porque não quero dar trabalho extra aos senhores dos correios. Ainda não me decidi. Pelo sim pelo não, tenho andado a ver algumas coisas online e comecei a poupar algum dinheiro para gastar em decorações.

2019 e Previsões para 2020

Janeiro 01, 2020

Foi um ano bom.

Depois de uma grande crise existencial-profissional, passei de um emprego chato, para um emprego interessante e 6% mais bem pago. As minhas poupanças atingiram um nível nunca antes visto e, apesar de ainda não ter feito as contas finais, acho que consegui ultrapassar o meu objetivo de doações para o ano.

Não li 4 livros de autores portugueses, mas li dois: "O que farei quando tudo arde" de António Lobo Antunes e "Inês de Portugal" de João Aguiar.

O meu Juji evoluiu. Fiz muitas caminhadas, a mais memorável foi uma de 30km com mais de 2.000 metros de desnível acumulado, que me deixou sem me conseguir mexer no dia seguinte. Também tive 6 meses de aulas de equitação, que trouxeram muita alegria aos meus fins de semana.

Viajei. Fui à Colômbia, Croácia, a Portugal, Itália, Taizé, Amesterdão, Londres e Munique. Fiz mais algumas viagens de um dia a países vizinhos, e visitei algumas cidades francesas. 

Disse adeus a França.

Em 2020 vou estar num novo país.

Vou continuar no mesmo emprego, mas vou apenas trabalhar 4 dias por semana. Vou utilizar o resto do meu tempo para testar 2 projetos profissionais alternativos. 

Em 2020 quero fazer uma grande caminhada a pé em autossuficiência. Dependendo do tempo, da companhia e do orçamento disponível, estou a pensar no Tour du Mont Blanc (França, Suiça e Itália), ou no John Muir Trail (USA). 

Tenho feito um bom trabalho a manter amizades apesar da distancia, mas em 2020 quero fazer mais amigos no sitio onde vivo. Se por um lado é difícil fazer amigos enquanto adulta, por outro é a altura de deixar de depender das circunstâncias e procurar amigos intencionalmente, que tenham os mesmos interesses e valores que eu. 

 

Ultimo ponto, no ano que passou o blog cresceu muito  Obrigado a tod@s os que acompanham o que eu escrevo. Um bom ano para vocês!

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