Guest Post: Ser como as Árvores
Março 06, 2019
Hoje temos um gest post do José Gabriel. O José Gabriel escreve no Tales and Travels e é a pessoa com mais talento para escrever que eu conheço na vida real. Já andava a massacra-lo há meses para escrever algo para o Ser Senhora e finalmente aconteceu. Sem mais delongas, deixo-vos com o artigo:
A melhor forma de crescer enquanto pessoa é fazer como as árvores: um bocadinho de cada vez, e respeitando os ritmos naturais.
Lembro-me quando comecei o meu caminho no desenvolvimento pessoal, que tinha por hábito fazer grandes metas, grandes planos, e o resultado era inevitavelmente o mesmo. Um mês depois de começar falhava e ficava frustrado. Percebi que isso não funcionava, e mudei a forma como ajo.
Quando quero mudar alguma característica em mim, começo por fazer algo pequeno mas que me leve na direção que me interessa. Sei que aquele acto vai mudar a forma como me vejo a mim mesmo, e partindo daí é mais fácil fazer alterações maiores.
Por exemplo
Um diário em três partes
Para nos tornarmos o que queremos ser precisamos de duas coisas. A primeira é saber quem somos. A segunda é o que queremos ser. Um dos problemas em saber quem somos é que temos uma memória imperfeita, e então a nossa ideia de que somos acaba por se impor para tapar os buracos. Por exemplo, durante a minha adolescência era bastante tímido. E apesar de já não me comportar dessa forma à anos, só reparei que não era tímido nos últimos meses.
O que venho partilhar é uma ferramenta que tem sido muito útil para eu perceber quem sou. É um tipo de diário que faço, bastante diferente dos diários normais.
Começo com um caderno A4, no qual divido as páginas em três colunas. Na primeira coluna escrevo “Fiz”, na segunda “Pensei” e na terceira “Senti”.
Preencher o diário é fácil. Escrevo uma atividade, por exemplo, p.e. “levantar-me da cama”, e depois escrevo o que pensei durante o tempo todo que estive a rebolar, e por fim o que senti, ligado aos vários pensamentos.
Esta ligação permite-me ver de que forma o que ando a fazer afeta o meu humor, e de que forma os meus pensamentos e sentimentos estão ligados. E por fazer isto ao fim do dia, todos os dias, ainda tenho memória da grande maior parte das coisas que fiz, pensei e senti.
Ao fim de uma semana ou coisa do género, consigo começar a ver padrões, e com consciência deles consigo escolher se há comportamentos que quero eliminar, ou outros que quero cultivar.
Para não ser só despejar o que aconteceu, escrevo no final da página três pontos:
O que correu bem. Ajuda-me a identificar comportamentos a manter ou fazer crescer.
O que pode melhorar. Aqui escrevo as coisas que aconteceram e que quero mudar. Torna muito mais fácil ver os comportamentos que quero alterar. Por vezes escrevo logo alternativas de comportamento que quero implementar.
O que aprendi. Acredito sempre que há algo a aprender todos os dias, e assim sou obrigado a refletir no que o dia teve para me ensinar.
O diário trata da primeira metade, de ter consciência do que quero manter e do que quero mudar. O desafio está na segunda parte, levar as lições para o mundo real.
Tal como no ano passado, gosto sempre de fazer um Desafio Quaresmal focado no desenvolvimento pessoal. Em 2019 o meu desafio é escrever um diário tal como o José Gabriel sugere. Se se quiserem juntar a mim, e preferem escrever no computador, podem descarregar este template que o José Gabriel preparou.